Júlio Baranda: foi-se a delicadeza no trato com os colegas

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Alguns jornalistas, quando morrem, são lembrados por sua postura destemida; outros, pela obstinação com que buscavam a informação; outros, pela diversidade de locais onde trabalharam; outros, por um pouco de tudo isso. Alguns outros serão lembrados por algo que andou meio em falta nos tempos atuais: a delicadeza no trato com os colegas. O jornalista Júlio Baranda, que faleceu há cerca de duas semanas, é um dos que serão lembrados por esta característica – a gentileza no trato com os colegas.

O jornalista Danilo Baião foi colega de Júlio Baranda na rádio Itatiaia e se  recorda de uma passagem em que essa sua característica se fez presente. Segundo Baião, em um dia em que não estava muito bem, pois tinha acabado de passar por uma grande decepção, Baranda cruzou com ele no corredor da rádio e dirigiu-lhe dirigiu o seguinte comentário:

– Cara, adoro seu trabalho aqui na Itatiaia.

Foi segundo Domingos Baião, uma expressão suficiente, de tão espontânea que foi, para levantar-lhe o ânimo naquele dia. Por uma rede social, Domingos Baião devolveu o gesto de delicadeza que recebeu de Júlio Baranda. “Você foi embora sem que eu pudesse manifestar minha gratidão, sem saber o bem que suas palavras carinhosas me fizeram”, disse Baião. “Descanse em paz”, acrescentou.

A jornalista Lina Rocha, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais (SJPMG) conviveu muito com Júlio Baranda, na rádio Inconfidência. Ela conta que Baranda era muito solícito quando lhe era pedido que ensinasse algo a quem não tinha a experiência dele, além de passar sem muita dificuldade os contatos das fontes que ele tinha quando lhe solicitavam a indicação de alguém para a produção de determinada reportagem. No jornalismo, trata-se de algo que nem todo profissional gosta de fazer. Mas ele, segundo Lina Rocha, fazia com muita tranquilidade.

Na juventude, Júlio Baranda com amigos Foto: acervo familiar

Júlio Baranda faleceu muito jovem, aos 59 anos, de complicações causadas no tratamento de um câncer de pulmão. Ele nasceu em Belo Horizonte, em 1964. Fez o ensino fundamental na escola Pandiá Calógeras, no bairro Santo Agostinho; o ensino médio, na escola Inconfidência. O curso de jornalismo, na antiga Faculdade de Filosofia de Belo Horizonte, atual Uni-BH, que funcionava na avenida Antônio Carlos. O primeiro emprego de Júlio Baranda foi na rádio Liberdade, em Betim. Em seguida, fez concurso para o Estado e iniciou sua jornada no jornalismo público. Trabalhou no Palácio das Artes, TV Minas e Rádio Inconfidência. Em alguns momentos, trabalhou no Estado e em emissoras privadas ao mesmo tempo, como na rádio Itatiaia e na rádio América.

Júlio Baranda aposentou-se em 2018, e segundo sua esposa, Maria Ismênia Azzi Novais, era uma pessoa realizada profissionalmente por sua trajetória no jornalismo. Segundo Ana, ele diz que havia chegado a hora de descansar, pois já havia trabalhado tudo o que tinha que trabalhar na vida. Por isso, segundo ele, não buscava nem trabalhos como freelancer.  

Após a aposentadoria, Júlio Baranda não tinha planos de voltar ao jornalismo. Considerava cumprida sua missão. Acervo pessoal

Pelas redes sociais, amigos também lamentaram a morte de Júlio Baranda.

“Um jornalista ético, sério, transparente, gentil, honrado. Ele falava em podcast em meados de 2014. Ninguém apostava nisso na época. Um jornalista visionário. Saudade eterna”. (Adriana Santos)

“Suspiro fundo e pesado no peito! Só quem viveu, conviveu com o queridíssimo Júlio Baranda vai me entender. Perdemos um grande colega e amigo. Trabalhamos juntos na Rádio Inconfidência, em projetos independentes, no jornalismo de rua, na redação. Vá em paz, Baranda!” (Vera Bolognini)

“Convivi com ele, na reportagem de rua, quando eu trabalhava, em política, na Band e, depois, no Hoje em Dia e Estado de Minas.
Grande pessoa, afável, excelente repórter! Que os céus dos agnósticos o receba plenamente!” (Carlos Barroso)

“Que pena. Foi um bom profissional e uma pessoa muito bacana, educada e gentil. Uma notícia triste e inesperada.” (Luiz Henrique Freitas)

“Além de um profissional dedicado, Júlio Varanda era de uma polidez diferenciada. Notícia triste. Partiu muito cedo”. (Ronan Aguiar)

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