Trabalhadores da Rádio Inconfidência e da Rede Minas mantêm paralisação

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Os jornalistas e radialistas da Rede Minas e da Rádio Inconfidência decidiram em assembleia nesta terça-feira 10/10 manter a greve iniciada ontem. A paralisação, por tempo indeterminado, será avaliada diariamente. A próxima assembleia está marcada para as 12h desta quarta 11/10.

A greve conta com adesão em massa dos servidores. A assembleia de hoje foi ainda mais numerosa do que a de ontem e os trabalhadores demonstraram que, depois de três anos ouvindo promessas, estão cansados de esperar. A disposição é de continuarem parados até que o governo do estado apresente propostas concretas para suas reivindicações.

“Queremos fazer televisão de qualidade, mas como fazer isso com trabalhadores sucateados?”, argumentou uma jornalista da Rede Minas. “Não estamos discutindo nem salário, estamos num estágio anterior, que é a carga horária”, explicou.

A presidenta do Sindicato dos Jornalistas, Alessandra Mello, reconheceu que não é fácil fazer greve, hoje, quando o Brasil passa por um estado de exceção, mas disse que sentia orgulho de representar os trabalhadores das duas emissoras públicas e de ser jornalista.

“Chega de enrolação. O abono que o governo se recusa a pagar para a Inconfidência não faz nem cosquinha no cofre do estado. Uma inserção publicitária a menos nas rádios e tevês comerciais paga e ainda sobra muito”, disse.

O abono de R$ 2 mil (parcela única) previsto na Convenção Coletiva de Trabalho assinada em junho até hoje não foi pago para jornalistas e radialistas.

Alessandra relatou que a greve repercutiu em outros veículos, que já discutem paralisações, principalmente nos jornais impressos e saites, que até hoje estão sem aumento.

Os trabalhadores da Rede Minas demonstraram sua indignação com o cancelamento da reunião do Conselho Curador da emissora, que estava marcada para hoje, na qual certamente a greve seria tratada. A reunião foi cancelada na última hora.

“É a segunda reunião seguida que é cancelada”, denunciou Brenda Marques, jornalista da emissora e diretora do Sindicato. “Este é mais um motivo para parar, é um desrespeito à lei”, disse, lembrando que o conselho deve se reunir ordinariamente de três em três meses.

Os trabalhadores da Rede Minas reivindicam redução da jornada de trabalho de nove para seis horas como forma de compensar os baixos salários, menores do que o piso do servidor público e dos radialistas e jornalistas. Basta o envio pelo estado de um projeto de lei para adequar a situação.

O diretor do Sindicato Felipe Castanheira ressaltou a importância da mobilização conjunta das duas categorias – jornalistas e radialistas – e das emissoras, Rádio Inconfidência e Rede Minas.

Vitória e reuniões

O movimento teve sua primeira vitória com o pagamento do reajuste salarial dos trabalhadores da Inconfidência, estopim da greve. O reajuste, previsto nas convenções coletivas dos jornalistas e dos radialistas, foi pago em setembro, mas este mês o governo ameaçou cortá-lo. Diante da mobilização dos servidores, no entanto, voltou atrás.

Não foi pago, porém, o abono, previsto na convenção, e uma série de reivindicações está sem resposta. Para os trabalhadores da Rede Minas, o ponto principal é a adequação da jornada de trabalho, que ultrapassa em muito o que prevê a legislação.

Os salários pagos nas duas emissoras são aviltantes. A perda de mais de 70 funcionários, em decorrência disso, provoca o acúmulo de funções. A situação piorou com a criação da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), encampando as duas emissoras, que em vez de resolver os problemas os agravou. As condições de trabalho na nova sede põem em risco a saúde dos servidores e até o estacionamento é pago, e o preço exorbitante.

Os trabalhadores reclamaram de assédio de chefes, segundo os quais as emissoras seriam serviços essenciais e não poderiam parar. O Sindicato esclaraceu que isso não é verdade, que jornalistas e radialistas não são do setor de telecomunicações. A greve é legal e não exige manutenção de um funcionamento mínimo, como na saúde, na segurança e nos transportes. Ainda assim, os trabalhadores da Inconfidência decidiram manter no ar a Voz do Brasil, para que a rádio não seja penalizada.

Na próxima segunda-feira 16/10 estão marcadas duas reuniões de negociação, a primeira, às 9h, no Ministério do Trabalho, e a segunda com o governo do estado, às 15h.

(Crédito da foto: Alberto Seixas Costa.)

[10/10/17]

 

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