Sindicato denuncia condução coercitiva de blogueiro e mais um ataque à democracia

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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais denuncia a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães pela Polícia Federal ocorrida na manhã desta terça-feira 21/3 em São Paulo. A ação configura dois desrespeitos flagrantes à Constituição: o impedimento do exercício profissional, por meio da apreensão de equipamentos de trabalho, e a violação do sigilo de fonte. A arbitrariedade policial, mais uma entre tantas que vêm sendo praticadas nos últimos anos, evidencia o estado de exceção em que o Brasil mergulhou com o golpe que derrubou a presidenta Dilma em 2016. Se não houver resistência da sociedade, podemos caminhar rapidamente para uma ditadura.

Eduardo Guimarães, que há 12 anos publica o Blog da Cidadania, foi conduzido coercitivamente à sede da Polícia Federal na Lapa em São Paulo por policiais que bateram à porta da sua casa às 6 horas da manhã e lhe apresentaram um mandado de busca e apreensão de equipamentos eletrônicos. Levaram celular, notebook, pen drive e até o celular da sua esposa. A PF não permitiu que o porteiro interfonasse e esmurrou a porta da casa. O blogueiro denunciou a condução coertiva: “Eu não entendi e meus advogados não entendem a razão da condução coercitiva, porque eu não me recusei a vir depor. Não existe uma razão lógica para me trazer obrigado até aqui”, disse em entrevista após prestar depoimento e ser liberado.

O Polícia Federal queria saber quem é a fonte que lhe informou, há um ano, que o presidente Lula seria preso, informação que ele publicou no seu blog. Eduardo Guimarães também está sendo processado pela Associação Paranaense de Juízes Federais por ter publicado no Twitter, em fevereiro de 2016, que ações do juiz Sérgio Moro na Lava Jato iam acabar com os empregos e a vida dos brasileiros. Fato que por sinal está mais do que confirmado pela profunda crise econômica na qual o país afundou com a destruição da Petrobrás, das maiores empreiteiras nacionais e agora do agronegócio.

Os jornalistas não podem se calar diante de mais um ataque à liberdade de expressão e à democracia. O mesmo juiz que há um ano vazou conversas da presidenta da República, deflagrando o processo de impeachment, agora intimida um blogueiro para que informe sua fonte. Trata-se, como definiu o advogado do blogueiro, de uma perseguição política travestida de processo penal. A justiça e o aparato policial estão sendo usados para intimidar e impedir a liberdade informação.

Atentados à liberdade de expressão, vazamentos seletivos, arbitrariedades policiais e perseguições políticas travestidas de processos penais formam, com os cortes profundos em direitos sociais – previdência, legislação trabalhista, educação, saúde, direitos das mulheres, direitos de minorias, direitos dos indígenas e outros –, um quadro gravíssimo de deterioração da democracia conquistada em 1985 e consolidada na Constituição de 1988.

Não podemos nos calar. É hora de defender a liberdade, a democracia e a Constituição. Pela liberdade de opinião, de expressão e de imprensa!

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE MINAS GERAIS

[21/3/17]

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