Fenaj e Sindicato do DF reiteram pedido de impeachment após nova ameaça de Bolsonaro a jornalista

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SJPDF e Fenaj se solidarizam com repórter ameaçado pelo presidente, ao questioná-lo sobre depósitos de Fabrício Queiroz à primeira-dama.

O presidente Jair Bolsonaro coleciona um histórico absolutamente intolerável de ataques verbais, xingamentos e todo tipo de desrespeito ao trabalho da imprensa, mas neste domingo 23/8 ele conseguiu subir de patamar. Ao se negar a responder uma pergunta, Bolsonaro proferiu uma ameaça gravíssima de violência física contra um jornalista, que estava em pleno exercício do seu ofício.

Durante uma visita à Catedral de Brasília, o presidente foi questionado por um repórter do jornal O Globo sobre as novas revelações de que seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, teria transferido cerca de R$ 89 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, entre 2011 e 2016. De forma covarde, sem ter dignidade para encarar uma pergunta de frente, Bolsonaro afirmou ao jornalista: “Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá”.

Ameaça é crime previsto no artigo 147 do Código Penal. Vindo de um presidente da República, que recebeu a incumbência e ainda fez o juramento de zelar pelo respeito à Constituição e às leis do país, torna-se um crime ainda mais grave. Até quando as instituições do país vão seguir fazendo vista grossa para um sem número de barbaridades e violações legais cometidas por este sujeito? Além de autoritário, Bolsonaro não sabe conviver com as regras mais básicas de uma sociedade civilizada e ainda demonstra um completo desequilíbrio emocional para estar à frente do cargo mais importante do país.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se solidarizam com o repórter ameaçado e reiteram pedido de impeachment já assinado pelas entidades representativas. O Sindicato informa que estudará medidas judiciais cabíveis contra o presidente da República por este crime. O trabalho da imprensa é fundamental numa democracia e não deve sofrer intimidações, quanto mais ameaça de interrupção por violência física.

ABI, Abraji, OEA 

Também a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB e Repórteres sem Fronteiras se solidarizaram com o jornalista. O relator de liberdade de expressão da OEA, Edison Lanza, condenou publicamente a atitude do presidente.

“Não consigo encontrar um exemplo da hostilidade mais grosseira de um alto funcionário à imprensa e de expor o jornalista à violência”, afirmou Lanza em seu Twitter. Ele será o primeiro a analisar a representação feita pelo senador Randolfe Rodriges, da Rede do Amapá, à CIDH, em que pede para que o órgão acompanhe as violações contra a liberdade de imprensa no Brasil. Randolfe pede que seja nomeado um observador externo para vir ao Brasil para acompanhar a situação da liberdade de imprensa.

No documento, ele cita levantamento da Fenaj, que apontou a ocorrência de 32 ataques dirigidos a jornalistas específicos ao longo de 2019.

Em nota, a Abraji afirma que a reação do presidente, ao ouvir uma pergunta incisiva, foi não apenas incompatível com sua posição no mais alto cargo da República, mas até mesmo com as regras de convivência em uma sociedade democrática. “Um presidente ameaçar ou agredir fisicamente um jornalista é próprio de ditaduras, não de democracias.”

A nota acrescenta que desde o início de seu mandato Jair Bolsonaro vem demonstrando carecer de preparo emocional para prestar contas à sociedade por meio da imprensa, uma responsabilidade de todo mandatário nas democracias saudáveis. “Jornalistas têm sido vítimas de agressões verbais constantes ao cumprir sua obrigação profissional de questionar o presidente sobre ações do governo federal e indícios de corrupção ao longo de sua carreira política.”

A notícia da ameaça do presidente foi publicada em jornais e saites jornalísticos do Reino Unido, Estados Unidos, Argentina e Índia, entre outros países.

(Com informações da Fenaj, da ABI, da Abraji e da revista Época.)

[24/8/20]

 

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