Plataforma criada por jornalistas divulga trabalho de mulheres autônomas impactadas pela pandemia

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Criada para dar visibilidade e apoio às trabalhadoras informais de Belo Horizonte e região durante a pandemia, a plataforma Maria Marias é uma espécie de “catálogo” que disponibiliza gratuitamente os mais diversos serviços e produtos feitos por mulheres. São cozinheiras, artesãs, artistas, bordadeiras, professoras, empreendedoras, vendedoras que tiveram a renda impactada devido às medidas de isolamento social.

Mesmo sem sair de casa, elas continuam produzindo e trabalhando para conseguir pagar as contas, colocar comida na mesa, cuidar dos filhos. Nada mais justo, então, que fortalecer o trabalho destas mulheres e optar por comprar ou contratar o serviço delas, ao invés de consumir de grandes empresas que com certeza têm mais capital e chances para sobreviver financeiramente a este período.

Antes da pandemia, o número de mulheres autônomas e informais no Brasil, assim como o número de desempregadas, já era alto, tendo aumentado consideravelmente desde as medidas trabalhistas impostas pelo atual governo. Estes dados são historicamente maiores entre as mulheres. E mesmo entre aquelas contratadas formalmente no mercado de trabalho é discrepante a diferença salarial entre homens e mulheres, principalmente quando essas mulheres são negras.

Para se ter ideia, 47% das mulheres que trabalhavam em Minas Gerais em 2019 estavam na informalidade. Já entre os homens, o índice foi de 39,1%, segundo a pesquisa de indicadores sociais feita pelo IBGE.

Proporcionalmente, o desemprego também é maior entre as mulheres, com taxa de 12,4% de desempregadas entre as mineiras, enquanto a taxa de desocupação entre homens era de 9,2%.

Já a renda média mensal dos trabalhadores no estado é de R$ 2.078 para homens, e R$ 1.544 para mulheres.

A cor da pele também tem impacto real nos ganhos da população, sendo que o rendimento mensal médio dos trabalhadores brancos foi de R$ 2.323, enquanto e dos trabalhadores negros foi de R$ 1.526.

Bárbara Caldeira, jornalista e pesquisadora em gênero e violências contra as mulheres, explica que a ideia da plataforma Maria Marias surgiu justamente do incômodo causado por esta realidade.

“Muitas são mães, sustentam sem nenhum auxílio suas famílias, e ficam ainda mais vulnerabilizadas em momentos como esse”, disse. “Apoiar essas mulheres pra que continuem tendo renda nesse momento é uma maneira de garantir a esse grupo, que sofre constantes violências estruturais, inclusive a violência do desamparo, o mínimo de condições dignas para atravessar a pandemia.”

A jornalista Letícia Silva, outra integrante do projeto, acrescenta: “O Maria Marias surge como mais uma possibilidade de visibilidade às empreendedoras em um momento delicado que com certeza tem impactado sua renda e comprometido o orçamento familiar. Queremos ser um apoio para que essas mulheres sejam um pouco menos penalizadas por essa pandemia”.

Fazem parte do projeto ainda a jornalista Juliana Baeta, a advogada e estudante de jornalismo Amanna Nunes e a jornalista, mestra em Comunicação e doutoranda em Estudos de Linguagens Nara Bretas.

“Todas acreditamos que a transformação da sociedade para um ambiente mais democrático e justo só é possível por meio da luta diária contra o machismo, o racismo e a homofobia”, ressalta Juliana Baeta.

Elas pedem ajuda para fortalecer e incentivar o trabalho destas mulheres. Para se cadastrar e ter o seu trabalho ou serviço divulgado gratuitamente na plataforma, a interessada deve acessar o Instagram @pmariamarias. Para incentivar a iniciativa, basta seguir a página e contratar ou comprar o serviço ou produto que atenda às suas necessidades.

 

Informação salva vidas.

[20/4/20]

 

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