Bolsonaro descumpre promessa e aumenta publicidade governamental

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Em comparação com os três primeiros meses de 2018, Planalto aumentou em 63% gastos com publicidade no 1º trimestre de 2019, e em 101% em comparação ao mesmo período de 2017.

Jornal GGN – Quando estava em campanha à Presidência, Jair Bolsonaro prometeu cortar gastos da publicidade governamental. O discurso chegou a ser mantido logo após as eleições. Em janeiro, o mandatário falou em cortar 70% da verba para o setor.

Entretanto, três meses após assumir o Planalto a realidade é outra. Segundo levantamento da reportagem de Leandro Prazeres, do UOL, dados da Secom (Secretaria Especial de Comunicação), vinculada ao Palácio do Planalto apontam para um aumento de 63% dos gastos com publicidade no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período em 2018, já descontada a inflação.

Os gastos da Secom no setor saltaram de R$ 44,5 milhões para R$ 75,5 milhões nos períodos dos dois anos. Em comparação com os três primeiros meses de 2017, o crescimento é ainda maior. Naquele trimestre, a Secom gastou R$ 35 milhões de reais, portanto a comparação com os gastos registrados em 2019 mostram aumento de 101%.

A reportagem mostra ainda que houve uma quebra no padrão de distribuição das verbas publicitárias. Em 2017, a Globo faturou R$ 6,9 milhões no primeiro trimestre. Nesse mesmo ano, o SBT recebeu pela publicidade do governo R$ 1,34 milhão e a Record R$ 1,21 milhão

No terceiro trimestre do ano seguinte (2018), a Globo faturou R$ 5,93 milhões, Record R$ 1,308 milhão e SBT R$ 1,1 milhão. Finalmente, em 2019, no mesmo período a Record passou para o primeiro lugar com R$ 10,3 milhões de faturamento, seguida pelo SBT, com R$ 7,3 milhões. Já a Globo recebeu R$ 7,07 milhões.

Em termos de porcentagem, o crescimento do faturamento publicitário da Record aumentou 659% entre o primeiro trimestre de 2018 e o primeiro trimestre de 2019. No mesmo período, o faturamento do SBT cresceu 511% e o da Globo 19%.

A Rede Record pertence à Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo. Ele declarou apoio ao então candidato Bolsonaro, em setembro do ano passado. Naquele mês, o dono do SBT, Silvio Santos negou apoio a Bolsonaro mas, em dezembro, após o resultado das eleições, os dois se encontraram em um almoço. Desde então, o presidente concedeu duas entrevistas exclusivas para o canal.

A rede Globo é apontada como inimiga pela família Bolsonaro. Em fevereiro, a divulgação de áudios de conversas entre o ex-ministro Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e o presidente, revelaram que a queda de Bebianno teria relação também com o agendamento de uma reunião particular entre o ex-ministro e o vice-presidente de Relações Institucionais da Globo, Paulo Tonet.

“Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento”, disse Bolsonaro. “Inimigo passivo sim, mas trazer o inimigo pra dentro de casa é outra história”, acrescentou.

Em resposta aos dados expostos pelo UOL, o Planalto argumento que os pagamentos à publicidade feitos no primeiro trimestre de 2019 não têm relação com as ações determinadas por Bolsonaro, mas sim com as despesas contratadas das gestão do ex-presidente Michel Temer. Do total de valor autorizado por Bolsonaro, foram gastos R$ 12 milhões referentes à campanha publicitária da reforma da Previdência.

(Publicado pelo jornal GGN.)

 

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[15/4/19]

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