Tilden Santiago celebra 50 anos de consagração sacerdotal neste domingo 7/5

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Ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (1981-1984), ex-deputado federal (1991-2003) e ex-embaixador em Cuba (2003-2006), Tilden Santiago tem uma terceira e mais antiga carreira, além das de sindicalista e político: o sacerdócio. No próximo domingo, 7 de maio, ele comemora 50 anos de consagração sacerdotal, sua mais antiga vocação, celebrando “o pão, o vinho e a palavra” na Capela Santo Agostinho de Cantuária, no bairro Nova Suíça (Rua Zurick, 625), a partir das 9h30.

Tilden, que define a cerimônia como “ecumênica”, terá em sua companhia o padre franciscano Darcimar, além de pastores e rabino. Ele próprio celebrará pela Igreja Anglicana, da qual faz parte atualmente, mas sua iniciação religiosa foi na Igreja Católica, na qual foi consagrado pelo arcebispo Dom João Batista da Motta Albuquerque, no dia 1º de maio de 1967, na Igreja de Nossa Senhora da Consolação, no pé da favela Gurigica, em Vitória (ES).

“Esta celebração será um momento de muita saudade daquela igreja em fui ordenado”, diz Tilden, que em julho próximo completará 77 anos. “Será um ato ecumênico. Vamos celebrar o pão e o vinho no rito anglicano, com a presença de ministros de diversas religiões.”

Militante da revolução

Foi da religião que Tilden passou ao jornalismo e à política. Na política partidária, foi convencido a entrar pelo irmão caçula, o psicanalista Jésus Santiago, na época militante do movimento estudantil. “Ele me disse: ‘mano, vamos precisar de candidatos para disputar as eleições. Entra no MDB’”, conta o jornalista. Isso foi em meados da década de 70. Depois do MDB, Tilden entrou no PT, no qual ficou 28 anos; atualmente está no PSB, de cuja direção nacional é membro.

Antes da política partidária, porém, Tilden já tinha uma rica experiência como militante da revolução, perambulando pelo Brasil, em vida semiclandestina, de 1967 a 1973. Quando foi consagrado, Tilden fazia parte do grupo de padres operários Companheiros de Jesus de Nazaré, o Carpinteiro. Como padre operário, entrou na AP, grupo revolucionário católico, depois na ALN – Aliança Libertadora Nacional, cuja principal liderança era Carlos Marighella, e por último no PCdoB. Foi preso duas vezes pela ditadura. No cárcere, ganhou do historiador Joel Rufino o apelido de Aliócha, o jovem monge de Os Irmãos Karamazov. Libertado, tornou-se professor de Filosofia na PUC e de Jornalismo, na UFMG.

Como jornalista, Tilden trabalhou no Diário do Comércio, no qual foi chefe de redação, redator e repórter político; Jornal dos Bairros, experiência singular de jornal popular na região metropolitana de Belo Horizonte, que circulou nos anos 70 e 80; Pelejando, jornal da Comissão Pastoral da Terra; e Opinião, jornal da Diocese da capital. Presidente do Sindicato, fez parte da geração de jornalistas sindicalistas formada por Dídimo Paiva, Washington Mello, Paulo Lott e outros, e foi um dos fundadores da CUT.

Conexão espiritual

O número 3 repete-se na vida de Tilden: três partidos políticos, três cidades (Mariana, Roma e Nazaré), três faces humanas. “Em Roma, conheci o poder, em Nazaré o trabalho”, conta o ex-padre que participou do histórico Concílio Vaticano II, como parte da igreja dos pobres. Morando num kibutz, em Israel, conheceu também a igreja muçulmana. “Eu oro em todas as igrejas. Às sextas, numa mesquita, aos sábados numa sinagoga e aos domingos na igreja anglicana”, diz Tilden.

“Fiz a conexão entre a espiritualidade, como sacerdote, a cidadania, como político, e o amor, no casamento e nos filhos”, resume Tilden. “Hoje não acredito mais na revolução, minha luta é pela educação popular, ecológica, política, cultural e espiritual. Minha bandeira é por uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva e eleições gerais.”

(Crédito da foto: Marcos Alvarenga.)

[4/5/17]

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