Com plenário cheio e boa cobertura da imprensa, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou nesta quarta-feira (9/9) pela manhã uma audiência pública que debateu a violência contra jornalistas e medidas preventivas de segurança (foto). A reunião, solicitada pelo presidente da comissão, deputado Cristiano Silveira, foi motivada por denúncias do Sindicato.
O encontro foi iniciado com a exibição do documentário “Impunidade mata”, produzido pela Artigo 19, com apoio do Sindicato, e que aborda o assassinato do jornalista Rodrigo Neto, em Ipatinga, em março de 2013. O presidente Kerison Lopes, que participou da mesa, enfatizou a importância da audiência e expôs as providências tomadas pelo Sindicato em defesa dos profissionais de imprensa e para punição dos culpados nos diversos casos de violências contra jornalistas.
Exemplos
Kerison expôs três exemplos dos principais tipos de violências sofridas por jornalistas. O primeiro foi o de Rodrigo Neto, que se tornou um símbolo da profissão em Minas Gerais, como repórter assassinado em consequência de matérias que incomodaram o poder local. Ele foi morto por um policial civil e um cúmplice, mas os mandantes do crime não foram nem identificados.
O segundo caso, ocorrido em abril deste ano, atingiu o repórter fotógrafico Beto Novaes, do jornal Estado de Minas. Ele foi agredido por manifestantes que protestavam contra o governo da presidenta Dilma Rousseff, em Belo Horizonte, pelo simples motivo de ter semelhança física com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O terceiro caso é o dos jornalistas agredidos por policiais, durante manifestações, como o repórter fotográfico Denilton Dias, do jornal O Tempo. Denilton, que participou da audiência na ALMG, foi alvejado à queima-roupa por bala de borracha disparada por policial militar, enquanto cobria o protesto contra o aumento das passagens de ônibus na capital, no dia 12 de agosto passado. Quase um mês depois, continua se recuperando do ferimento.
Medo
O jornalista André Almeida, representante do Comitê Rodrigo Neto, também participou da audiência. O comitê, formado por jornalistas, amigos, parentes e público solidário ao jornalista assassinado, foi fundamental para que o crime não ficasse impune. Uma das ações do Comitê foi retomar as reportagens investigativas por Rodrigo Neto, denunciando o crime organizado no Vale do Aço. André relatou que desde a morte de Rodrigo Neto o medo prevalece entre os jornalistas da região e ressaltou que a punição dos culpados é importante para garantir a liberdade de expressão.
Solicitada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, deputado Cristiano Silveira, a partir de denúncias do Sindicato, a audiência contou também com representantes da Artigo 19, da Arfoc-MG, da Jornalistas Livres, da Mídia Ninja, da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania e da Polícia Militar.
Ao final da audiência, o deputado Rogério Correia fez outra denúncia de violência policial em Minas, ocorrida em Montes Claros, durante a comemoração do 7 de Setembro. O caso ocorreu durante a manifestação do Grito dos Excluídos e a vítima foi a indígena Juvana Xacriabá, que compareceu à audiência e deu o seu testemunho.
(Foto: O presidente Kerison Lopes, na ponta direita, fala durante a audiência da Comissão de Direitos Humanos da ALMG. Crédito da foto: Guilherme Bergamini / ALMG.)