Nova edição de “Lamarca, o capitão da guerrilha” muda versão da morte de Iara Iavelberg

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Lançado em 1980, o livro “Lamarca, o capitão da guerrilha”, dos jornalistas Emiliano José e Oldack de Miranda, foi responsável por apresentar o militante de esquerda Carlos Lamarca à sociedade brasileira como um revolucionário, desfazendo a imagem de terrorista que a ditadura associara a ele e servindo de base para o filme “Lamarca”, de Sérgio Rezende. Trinta e cinco anos e 16 edições depois, a biografia ganhou uma nova versão, revista e ampliada, que foi lançada na Casa do Jornalista nesta segunda-feira 17/8.

“É o mesmo livro e ao mesmo tempo um novo livro”, disse Emiliano José. “Acrescentamos cerca de 100 mil caracteres, o que significa muita coisa nova”, explicou. O artista plástico Elifas Andreato, autor da capa original, criou também uma nova capa, carregada de símbolos que remetem aos “anos de chumbo”.

A nova edição, segundo Emiliano José, atual secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações (MiniCom), acrescenta principalmente informações sobre o período em que Lamarca passou em São Paulo, antes de viajar para o sertão da Bahia, onde tentaria desenvolver a luta armada no campo e foi assassinado por uma expedição militar, em 1971. É um período em que, recolhido no aparelho, sem poder sair, Lamarca estuda muito sobre a revolução brasileira.

Na 17ª edição, “Lamarca, o capitão da guerrilha” muda radicalmente a versão da morte da revolucionária Iara Iavelberg, companheira de Lamarca. “Ela foi assassinada”, afirma Emiliano, com base em novos documentos pesquisados. Na versão original, os autores acreditavam que ela tinha se suicidado. A militante teve grande importância para a formação teórica do ex-militar e viveu com ele “uma paixão extraordinária”, segundo o autor. “Só o amor deles já daria um livro”, observou.

A reconstituição do congresso de Teresópolis, do qual participaram organizações revolucionárias que formariam a VAR-Palmares, é outro conteúdo acrescentado à nova edição. Ele aconteceu em setembro de 1969, ao mesmo tempo em que era sequestrado o embaixador americano Charles Elbrick, e reuniu, clandestinamente, na cidade fluminense, 60 integrantes da luta armada no Brasil. “O grupo mineiro é muito presente no congresso, um congresso muito tenso, que expressou o grau de divergência existente”, revelou Emiliano, que nos anos 70 foi militante da Ação Popular (AP).

 

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