Acusado de matar Rodrigo Neto é julgado nesta sexta

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IPATINGA – O julgamento mais esperado desde a morte do jornalista Rodrigo Neto, em 8 de março de 2013, acontece nesta sexta-feira (19) no Fórum de Ipatinga. O homem acusado de dar os tiros que tirou a vida do repórter investigativo, Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, sentará no banco dos réus, a partir de 9h.

O Júri Popular será presidido pelo juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira e terá na acusação o promotor de Justiça Francisco Ângelo Silva Assis e como assistente de acusação o advogado Délio Gandra. Tanto a defesa de “Pitote” como o Ministério Público não adiantaram se haverá dispensa de testemunhas.

Contra “Pitote” pesam duas acusações: o assassinato de Rodrigo e uma tentativa contra um amigo do jornalista que estava com ele no dia do crime. Neto foi assassinado próximo a uma barraca de churrasquinho no bairro Canaã, local que ele costumava frequentar. Alessandro responde por homicídio duplamente qualificado, mediante surpresa e para assegurar a impunidade do crime cometido contra o repórter quando atirou contra o amigo dele. A segunda vítima só não foi atingida por “Pitote” porque conseguiu se esconder atrás do carro de Rodrigo.

1ª CONDENAÇÃO

A primeira condenação relacionada ao crime ocorreu em agosto do ano passado. O ex-policial civil Lúcio Lírio Leal foi condenado a 12 anos de prisão por ter participado da trama ao fazer a rota de fuga para “Pitote”. Lírio cumpre pena na Casa de Custódia do Policial Civil, em Belo Horizonte.

Consta na denúncia do MP que, minutos antes dos tiros que mataram Rodrigo, Lúcio, em companhia de uma pessoa, passou pelo local em que a vítima se encontrava, em baixa velocidade numa picape Strada branca. Conforme as investigações feitas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) o ex-detetive viu Rodrigo Neto e passou as informações para os executores.

Para a Promotoria de Justiça, os crimes foram cometidos em ação típica de grupo de extermínio, do qual os denunciados figuram como integrantes, e também em decorrência da função de jornalismo investigativo desenvolvido pela vítima Rodrigo Neto.

DEFESA

A defesa de “Pitote”, agora formada pelos advogados Rodrigo Carmo, Reginaldo Malaquias e Sheila Carvalho, sustentarão a tese de negativa de autoria. Rodrigo Carmo está convicto de que um homem chamado “Serginho” é quem matou Rodrigo Neto. O advogado ainda cita que tudo leva a crer que o fotógrafo Walgney Carvalho é quem estaria pilotando a moto para o executor. “Carvalho disse que nunca ninguém saberia quem matou Rodrigo Neto. Como ele podia ter tanta certeza assim?”, especulou o advogado.

Após 38 dias, Carvalho também foi assassinado em um pesque-pague em Coronel Fabriciano e novamente a defesa de Pitote apontou “Serginho” como o executor do crime. No entanto, a defesa nunca conseguiu provar a existência desta pessoa, apesar de alegar possuir uma extensa ficha criminal do suposto “Serginho”.

PERSONAGEM

Para o promotor de Justiça Francisco Ângelo a versão de Alessandro não condiz com a verdade e ainda quer ludibriar o leigo ou o mal informado. O promotor lembrou que “Pitote” foi preso portando arma de fogo e munições. Contra ele (Alessandro) ainda pesa uma acusação de uma dupla tentativa de homicídio.

“A defesa não trouxe nada que comprovasse o alegado na defesa do réu. Notável jogar a culpa em Carvalho. A mesma arma que matou Carvalho matou Rodrigo Neto, arma essa que se conclui, estava na posse de Alessandro”, disse o promotor.

Francisco Ângelo disse que confia piamente nas provas produzidas pelo DHPP, como a bilhetagem de registros de ligações telefônicas entre os acusados Lúcio e Alessandro, nos minutos antecedentes e minutos subsequentes no local do crime; trajeto feito pelo veículo de Lúcio, minutos antes do crime, com pouca velocidade.

“Lembro que faz parte do direito a prévia entrevista dos acusados com os respectivos advogados para escolher a versão que apresentarão. Isso não quer dizer que tal versão convencerá o Ministério Público e os julgadores. Os acusados, e aí eu também falo de Lúcio Lírio, perderam a oportunidade de confessar e esclarecer à sociedade os demais responsáveis por este crime”, finalizou o promotor.

Rodrigo Neto foi vítima de um grupo de extermínio, segundo a Promotoria.

(Publicado no Diário Popular. Foto: Arquivo DP.)

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